O que os pós-graduandos disseram para o presidente Lula na Unicamp

Unicamp reune mais de 10 mil pessoas no Teatro de Arena do Ciclo Básico para receber Lula

A APG Unicamp junto às demais entidades representativas da comunidade universitária (DCE, ADUnicamp e STU) receberam a aula magna com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um evento que reuniu cerca de 10 mil pessoas no Teatro de Arena do Ciclo Básico da universidade. O evento também contou com a participação do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, diversas autoridades e representantes de movimentos sociais.

A aula magna foi precedida por um Ato Cultural em Defesa da Democracia, que envolveu coletivos, entidades da Unicamp, movimentos sociais de Campinas e do Estado de São Paulo e representações das entidades representativas nacionais como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). O evento com a presença do ex-presidente foi mediado por Larissa Fontana e Bruna Garcia, fundadoras da APG Unicamp e representantes da ANPG.

Lula e Fernando Haddad no Teatro de Arena da Unicamp | Foto: Jefferson Cardoso de Melo

É simbolico estar aqui no coração da Unicamp hoje. Na casa de Paulo Freire e de Maria da Conceição Tavares. Mas que também hoje é a casa do povo negro, a casa dos povos indígenas, a casa do povo trabalhador desse país! Faz pouco tempo que a universidade começou a se tornar um sonho possível para uma parte da nossa juventude que foi esquecida.

A educação é uma revolução poderosa, uma transformação social que não tem volta. Os primeiros da família nunca são os últimos. Os primeiros a prestar vestibular, a estudar numa universidade pública, a entrar numa pós graduação, a se tornarem doutores. Isso pra nós não é apenas um título, é uma conquista apesar de tudo e contra tudo.

Nossa geração viveu um momento extraordinário. Nós vivemos a expansão das universidades, do ProUni, do SISU, do Fies, do Ciência sem Fronteiras, e a esperança uma vida com mais oportunidades. Nós vimos a universidade se abrir com o Vestibular Indígena e com as cotas étnico raciais, as cotas trans e para pessoas com deficiência, na graduação e na pós graduação.

A universidade pública é responsável por mais de 90% da ciência produzida no país. Fomos nós, que no momento mais difícil da história brasileira, fizemos ciência e salvamos vidas, muitas vezes em um segundo e terceiro emprego, com dificuldades financeiras, sem direitos ou com uma bolsa de estudos, que desde 2013 sofreu mais de 60% de perdas e cortes.

Recentemente, a Capes proibiu os bolsistas de receberem auxílios de permanência, alimentação e mesmo moradia. A gente não pode continuar assim. Nos não podemos avançar sem investimento no Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, sem políticas nacionais de acesso e permanência, sem seguridade social.

Quando a ciência e a educação estão ameaçadas, a nossa resposta tem que ser mais investimento e mais ciência! Chega de teto de gastos! Nós sabemos quem são os primeiros a abandonar a universidade quando não se tem comida na mesa. Não tem gente que brilhe passando necessidade. E agora que nós estamos aqui, nós queremos ficar e produzir ciência de qualidade, plural e comprometida com a transformação da sociedade.

A única coisa que nós queremos é trabalhar com dignidade. E nós fazemos isso pelos nossos que se foram, levados pela pandemia, castigados pelo desemprego, pelos milhões de brasileiros que estão passando fome. E é só a esperança que faz a gente dar o nosso melhor. É a esperança que faz a gente se unir por esse momento de hoje. Que essa energia ilumine nossa caminhada!

Viva os trabalhadores! Viva a Unicamp! Viva a educação e a ciência!




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