Assembleia Universitária da Unicamp, em 15 de outubro de 2019. Primeira assembleia ocorreu em 1981, durante a ditadura militar. Imagem: APG Unicamp e SIARQ

Representei a Associação de Pós-Graduandas e Pós-Graduandos da Unicamp (APG Unicamp) na atividade realizada pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) pelo Dia Nacional de Mobilização em Defesa da Ciência. Hoje também é o dia do professor, e por isso começamos prestando homenagens a todos os educadores e educadoras. A educação e as ciências têm o poder de recuperar o brilho das pessoas nos momentos mais difíceis. Como nos ensinou Paulo Freire, educação exige comprometimento, saber escutar, reconhecer que a educação não é neutra e, mais do que isso, ter a esperança e a convicção de que a mudança é possível.

Infelizmente, após experimentar um período de transformação social pela educação ampliando acesso à universidade, nós enfrentamos um dos piores momentos de nossa história. Hoje faz 2 anos que a Unicamp promoveu sua maior Assembleia Universitária como uma mensagem a toda a sociedade de que não se calaria diante do que ocorria no país, em especial com o retrocesso promovido pela pauta econômica.

A economia é a face mais perversa do governo atual. O ministro da Educação e o ministro da Ciência e Tecnologia são só as peças auxiliares para levar adiante a retirada de direitos e de destruição do país que hoje soma 600 mil mortes da Covid-19. Grande parte dessas mortes ocorreram pelas ações e omissões do governo federal do enfrentamento da pandemia, abraçando o negacionismo.

A ignorância, a aversão ao conhecimento, as manobras do Ministério da Economia para retirar investimentos da educação, da ciência e da saúde não fez somente vítimas da Covid-19. Esse projeto também tem produzido e reproduzido a miséria e a fome. É nosso papel neste dia de mobilização em defesa da ciência denunciar o teto de gastos, os ataques à autonomia universitária, os cortes nas instituições de fomento à pesquisa e a campanha de desinformação conduzida pelo governo federal.

Diante da crise não podemos recuar em nossa pauta de expansão e reafirmação de direitos. É cada vez mais importante a luta pelas ações afirmativas nos programas de pós-graduação para promover uma ciência mais plural e popular. Também é importante que continuemos a pautar melhores condições de trabalho e o reajuste das bolsas de pós-graduação, denunciando que isso é parte de um projeto que destroi a renda dos trabalhadores brasileiros. Está em jogo a construção de uma ciência soberana.

Se por um lado é desanimador ver que lutamos tanto para poucas, mas importantes vitórias; por outro lado, não existe caminho senão continuar de pé, fazendo ciência de qualidade. Precisamos sair em defesa de nossas instituições de pesquisa, nossas agências de fomento, nosso sistema único de saúde, da educação pública e da democracia brasileira. O país está do nosso lado e nós vamos vencer!